Pular para o conteúdo

Marinilda Boulay na B de Bananal

Temos nesta seção as obras apresentadas por Marinilda Boulay na B de Bananal.

Marinilda Boulay e algumas das obras da B de Bananal. No video abaixo temos uma animação realizada a partir delas. Este vídeo foi realizado em 2020 com um prêmio recebido pelo ProAC Município.

A exposição é composta por esculturas em cerâmica, aquarelas, pinturas sobre tela, mas também sobre madeira, e sobre ferramentas de trabalho usadas nas plantações de banana, como pás, enxadas e ganchos. Além de fotografias e vídeos – com narração de contação de história pela própria artista.

B de bananal, a Viagem da planta: Território nosso corpo nosso espírito, 2020. AST, 100 x 140 cm. B de bananal: a viagem da Planta. Inspirada nos mapas antigos do início das grandes navegações essa obra conta a viagem da bananeira, por mares nunca dantes navegados repletos de perigos, monstros marinhos que devoravam navios e seus tripulantes, ventos fortes, sol ardente, Eles encontraram a bananeira na Asia do Sudeste, em Calcutá na India,  na Indonésia,  elevaram-na para a Europa. Mais tarde quando eles descobriram que a terra não era plana e que poderiam continuar a navegar até chegar na « Terra Incógnita" eles vieram para o Brasil. A banana e a bananeira vinha então para o Brasil trazidas nas caravelas portuguesas quando eles aqui chegaram em 1500, pois por ser uma planta muito nutritiva, era usada para alimenta-los durante as longas distâncias. Contudo para grande surpresa dos portugueses quando se aproximaram do Brasil, eles gritam das caravelas: « bananeira a vista » e os brasileiros, mulheres, homens, crianças que aqui ja moravam responderam: « Território, nosso corpo, nosso espírito »! Descobrindo assim que no coração do pais, já tinha um bananal, mas sobretudo já tinha muita gente que morava nessa linda terra. Os índios Javaés que moram na Ilha do Bananal no estado do Tocantins, contam que quando os primeiros humanos, homens, e muitas crianças ascenderam das profundezas do rio Araguaia para habitar a terra, que fica no plano intermediário, entre o nível subaquático e o superior, o celeste, eles tiveram que passar por um buraco, que existe até hoje  e nele ainda está uma bananeira de dimensões grandiosas – pois quando vieram ao mundo passando por esse buraco traziam com eles a banana, que plantaram ali - daí inclusive o nome da Ilha do Bananal.
Folhas livres de bananeira com seriemas, lado 1, 2020. Obra em acrílica sobre madeira , 120 X 90 cm.
Pássaro na gaiola ao lado de menino durante a pandemia. O pássaro canta para o menino: - Quando acabar a pandemia saímos juntos daqui?, lado 2, 2020. Obra em acrílica sobre madeira, 120 x 90 cm.
“Expulsão do paraíso @ covid 19: na saída escolha sua máscara”, 2020. AST, 100x100 cm. A arte interpreta a vida cotidianamente. Em algum lugar do planeta, no mesmo segundo, certamente há muito mais de uma pessoa pensando ou criando a partir do que está ao seu redor. Perante uma pandemia, essas conexões, infelizmente via dor, aglutinam-se e podem – e devem – ser compartilhadas. A obra “Expulsão do paraíso @ covid 19: na saída escolha sua máscara”, tela pintada com tinta acrílica por Marinilda Boulay, artista radicada em Socorro, SP, que realiza, com Rosângela Politano, a BÏNaif - Bienal Internacional de Arte Naif -Totem Cor-Ação, oferece a sua visão deste momento da humanidade. Um elemento essencial para a artista é a questão indígena. Como não refletir sobre a maneira como os habitantes autóctones do Brasil foram tratados pelos colonizadores (invasores) e como correm riscos perante a atual COVID-19? As múltiplas etnias, que já vêm sendo ameaçadas há muito tempo, passam por um momento que demanda ainda mais cuidados. Na cena central, a expulsão de Adão e Eva do Paraíso é tratada de forma irônica, acentuada pelo título da obra. A perspectiva é que o ser humano, seguro de si e da tecnologia, pode estar sofrendo uma segunda expulsão de uma realidade aparentemente ideal. A busca de uma nova normalidade demandaria um cenário a ser construído de solidariedade, sensibilidade e amor. Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br
Retrato da artista quando jovem com máscara, na Ilha do Bananal, 2020. AST, 120x80cm. Corpo e espírito são muitas vezes tratados como dois seres distantes, quase antagônicos, mas, em momentos cruciais da história da humanidade, parece ser possível uma integração que leve à construção de uma unidade em que o individual e o coletivo possam também se integrar em busca de bens maiores. A obra “Retrato da artista quando jovem com máscara, na Ilha do Bananal. Território: nosso corpo, nosso espírito”, de Marinilda Boulay, artista radicada em Socorro, SP, que realiza, com Rosângela Politano, a BÏNaif - Bienal Internacional de Arte Naif -Totem Cor-Ação, é um exemplo disso. A atmosfera idílica do trabalho reforça a possibilidade de uma vida melhor. Realizada em tinta acrílica sobre tela, com a máscara em papel vegetal colada ao suporte, alude, desde o título, ao fazer artístico. Há ali uma referência a “Retrato do artista quando Jovem” (1916), primeiro romance de James Joyce, que enfoca a infância e adolescência de seu alter ego, o personagem Stephen Dedalus, narrando a sua passagem para a vida adulta. Nesse contexto, a Ilha do Bananal, a maior fluvial do mundo, localizada no Estado de Tocantins, é muito mais que uma Reserva da Biosfera reconhecida pela UNESCO desde 1993. Trata-se da representação simbólica e visual, pelo equilíbrio das formas e harmonia das cores, de um paraíso terreno que está fora e dentro de nós, a ser redescoberto e reabitado. Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br
Uma xamã brasileira, 2020. AST, 90x50cm
Segue uma resenha escrita por Oscar D'Ambrósio no seu projeto no Instagram: @oscardambrosioinsta para esta obra.. “Nosso corpo é natureza. Para Tito Lobo sem máscara”, obra realizada com tinta acrílica sobre tela (40 x 30 cm), em 2019/20, por Marinilda Boulay, propõe um encontro entre dois artistas que se encontram na valorização da ancestralidade indígena nacional. Artista, pesquisadora de cultura popular, difusora da arte naif, em exposições e na BÏNaif – Bienal Internacional de Arte Naif Totem Cor-Ação em Socorro, SP, da qual é uma das criadoras e coordenadoras, Marinilda é Presidente do Instituto Totem Cultural (totemcultural.org.br). A obra homenageia Jacinto Correia Neto, o Tito Lobo, desenhista, pintor, gravador, escultor e cenógrafo que apresenta, em suas obras, grande influência da cultura indígena, com a qual teve contato por meio de seus avós, naturais de tr ibos indígenas da Paraíba e do Maranhão. A obra exalta o índio e a sua interação com os animais e com o ambiente, algo que a cultura branca infelizmente ameaça. Oscar D’Ambrosio
Socorro-SP no azul do bananal,2020. AST, 40x30cm.
A colheita da banana,2020. Aquarela sobre papel, 29x21cm
A Bananeira brasileira,2020. Aquarela sobre papel, 29x21cm
A Bananeira, 2020. Aquarela sobre papel, 29x21cm.
As folhas das bananeiras, 2020. Escultura em cerâmica, 90x40cmx5cm.
A flor da bananeira e suas pétalas, 2020. Escultura em cerâmica, 70x30cmx5cm.
O descanso da enxada 2020. Acrílica sobre enxada de ferro, 24 x 25 cm.
A pá do bananal, 2020. Acrílica sobre pá de ferro, 30 x 20 cm.
O tucano guloso, 2020. Acrílica sobre enxada de ferro, 25 x 20 cm.
O gancho do bananal: um pássaro ou um peixe?, 2020. Acrílica sobre gancho de ferro, 25 cm de diâmetro.
Que marca eu uso hoje?", 2020. AST, máscara em papel vegetal, 150 x 73 cm.
Que marca eu uso hoje?" (obra a esquerda), 2020. AST, máscara em papel vegetal, 150 x 73 cm. O que é uma pessoa embananada? Certamente é alguém que está enredado, confuso, enrolado em uma posição da qual não consegue sair por falta de capacidade ou de vontade, tanto própria como alheia. Essa é a situação da protagonista do trabalho “Que marca eu uso hoje?", de Marinilda Boulay, radicada em Socorro, SP. Uma das chaves para penetrar nesta pintura está, além do cabelo que alude à bananeira, na máscara da figura central, repleta de logomarcas de empresas. A leitura do trabalho permite várias direções, pois as mesmas organizações que doam ou fazem equipamentos para profissionais da linha de frente do combate à COVID-19 são também as que criam produtos de grife para uma elite. E a decisão de qual marca usar pode passar por muitas instâncias, que incluem a beleza intrínseca da máscara ou do logo, além, é claro, dos interesses pessoais e das empresas envolvidas. Nada é simples quando se pensa em ideologias e jogos de interesse. Seja na arte ou na vida, fazer escolhas é sempre o maior desafio O uso das cores intensas e pinceladas largas e espontâneas na pintura retoma questões próximas do fauvismo, corrente estética do início do século XX. Esses elementos, associados ao tema, fazem com que Marinilda Boulay nos “embanane”, no sentido de nos obrigar a pensar e refletir sobre o que ali vemos e sentimos, o que sempre é ótimo e necessário. Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br
Marinilda Boulay, obras em ferramentas de manejo das plantações, e Vânia Cardoso, obra em bordado e retalhos, 2020.Para apagar os incêndios florestais!