Plano para a cidade do Rio de Janeiro (vista da Baía da Guanabara), 1929 por Le Corbusier (Arquivo Fundação Le Corbusier – Paris – França)
A ITC realizou a pré-produção internacional para esta exposição, fazendo os contatos iniciais com a Fundação Le Corbusier, e logo em seguida Marinilda Bertolete Boulay acompanhou as primeiras visitas do Professor Rodrigo Queiroz (FAU-USP) à Fundação, para o primeiro contato com os desenhos do Mestre, que comporiam o material iconográfico da exposição “Le Corbusier – América do Sul – 1929″, realizada no Centro Universitário Maria Antonia em conjunto com a FAUUSP e Fondation Le Corbusier, entre os dias 23 de agosto e 21 de outubro de 2012.
Reproduzimos aqui o texto escrito pelos curadores Rodrigo Queiroz e Hugo Segawa sobre esta importante exposição:
Entre setembro e dezembro de 1929, Le Corbusier fez sua primeira visita ao continente sul-americano. Em 74 dias de permanência, proferiu conferências em Buenos Aires, Montevidéu, São Paulo e Rio de Janeiro e delineou planos para estas cidades. A caminho da França, ele organizou suas palestras, esboços e lembranças, que se transformaram no livro Precisões sobre um estado presente da arquitetura e do urbanismo, publicado em Paris em 1930. EmPrecisões, o arquiteto sumarizou sua doutrina elaborada ao longo dos anos 1910 e 1920 e acrescentou um “Prólogo americano” e um “Corolário brasileiro”, registrando as fortes impressões que assimilou na América do Sul.
A viagem é frequentemente compreendida na biografia de Le Corbusier apenas como um episódio de pregação de sua doutrina arquitetônica. Este entendimento é parcial. Tanto o conteúdo das conferências como as propostas para as quatro cidades apontam para uma mudança no seu raciocínio, que se intensificou à medida que os riscos foram sendo elaborados, em progressiva emancipação frente a sua própria teoria anterior.
Em seus deslocamentos, o arquiteto vivenciou algo inédito que mudou sua percepção do mundo: a primeira oportunidade de voar num avião e olhar a natureza, a paisagem e as cidades sul-americanas a partir das alturas. A impactante apreensão panorâmica do território fertilizou o diálogo entre as escalas da arquitetura e do urbanismo. Os quatro planos desenhados para as cidades evidenciam uma reorientação de suas atitudes.
Dos 26 desenhos originais apresentados nesta exposição, pertencentes à Fondation Le Corbusier, 20 foram realizados durante a viagem sul-americana. As duas semanas que Le Corbusier passou em São Paulo, conhecendo uma cidade em plena transformação e convivendo com a intelectualidade modernista, estão registradas em detalhe. Pela primeira vez são mostrados os desenhos elaborados para a biblioteca anexa à residência Paulo Prado e uma maquete reduzida do projeto não executado – contribuições inéditas ao estudo da trajetória do arquiteto.
Esta exposição revisita falas e projetos de Le Corbusier na América do Sul: o estado de alma de um arquiteto europeu na América. Com esta experiência, nascia uma nova perspectiva para o seu pensamento. Foi outro Le Corbusier que retornou ao Velho Mundo.”
Texto dos curadores Rodrigo Queiroz e Hugo Segawa.
Planos para as cidades de Montevidéu e São Paulo [1929]
carvão e pastel s/ papel – 67 x 116,5 cm – acervo Fundação Le Corbusier
Plano para as cidade do Rio de Janeiro [1929]
carvão e pastel s/ papel – 76 x 80,5 cm – acervo Fundação Le Corbusier