“Hoje eu digo adeus aos meus amigos do Brasil. E antes de mais nada – ao Brasil – o país deles, que conheço desde 1929. Existe para o grande viajante, que eu sou, lugares privilegiados no Planeta, etre as montanhas, sobre os planaltos e as planícies onde correm grandes rios rumo ao mar, o Brasil é um desses lugares acolhedores e generosos que a gente gosta de poder chamar de amigo.” (Le Corbusier, Rio de Janeiro 29 de dezembro de 1962).
Após Cendrars, Léger, Levis-Strauss e muitos outros… falar e escrever que Le Corbusier manteve laços privilegiados com o Brasil é um eufemismo. Existe entre o arquiteto francês e esse país uma história passional que denota sua influência na difusão de ideias modernas em matéria de urbanismos e arquitetura nesta parte do mundo. Que seja durante sua primeira viajem em 1929 ou na e 1936, durante as quais ele pronunciou suas célebres conferências, ou no seu envolvimento em diferentes projetos como o Ministério da Educação (e Saúde) ou o da Cidade Universitária ambos previstos para o Rio, ou mais tarde o do projeto da Embaixada da França em Brasília, os momentos que consolidaram o encontro entre Le Corbusier e o Brasil multiplicaram-se definitivamente. (…)
Le Corbusier também aprendeu com o Brasil. E deste ponto de vista há um antes e um depois o Brasil? O antes é o período “purista” o das mansões parisienses, e o “racionalista”, do edifício Clarté ou Molitor. O depois é o período “brutalista”, tendo o concreto armado como sua matéria prima e todo um novo vocabulário arquitetural que se implanta, a partir da utilização do brise-soleil, o térreo livre, a fachada livre, a janela em fita e o terraço-jardim, o sexto ponto da arquitetura moderna.
Fragmento do texto escrito pelo arquiteto, urbanista e curador francês Jacques Sbriglio. Este texto foi originalmente escrito para a apresentação da exposição “Le Corbusier entre dois mundos”, realizada no Brasil na ocasião do Ano da França no Brasil e aqui publicado.
Embaixada da França | L’Ambassade de France | Brasilia – Organizado por Colette de Matteo e Jean-Martin Tidori | Fotos Tuca Reinés (ITC/Imprensa Oficial), 2009. Livro bilíngue (português/francês).