‘Benzedeiras, tradição milenar de cura pela fé’
Neta de benzedeira, a artista plástica, pesquisadora e produtora cultural Marinilda dedicou-se no último ano a catalogar os benzedores de Socorro, com seus dons e ensinamentos ancestrais, e a prática do benzimento – sempre regida com muita fé e plantas medicinais. O resultado deste trabalho é o livro de arte “Benzedeiras, tradição milenar de cura pela fé”, que acaba de ser lançado pelo ITC, e apresenta oito benzedeiras e três benzedores ativos, que agora dialogam com a tecnologia para continuar benzendo à distância. O projeto contempla ainda exposição presencial que aconteceu no Museu Municipal e on-line, que pode ser visitada no site do ITC (totemcultural.org.br/expo/), além de um documentário em curta-metragem dirigido por Marinilda, com edição de Magda Moraes, que pode ser acessado no canal da artista no YouTube (www.youtube.com/watch?v=
“Benzimento significa bendizer e é destinado a afastar doenças e maus, aplicando sobre as pessoas gestos, ao mesmo tempo em que se diz uma prece. Muitas vezes, o ato de benzer é acompanhado por ervas, das quais essas pessoas são profundas conhecedoras. O benzimento conta fundamentalmente com a fé, que deve estar inscrita nos corações de quem benze e de quem o recebe”, diz Marinilda.
Para o doutor em Educação, Arte e História da Cultura Oscar D’Ambrósio, que assina o prefácio, “a obra derruba assim preconceitos contra quem pratica a bênção, visto por alguns como charlatão, e contra quem a recebe, considerado, por outros, como ignorante. O projeto mostra a dimensão humana de todo esse processo, não havendo melhores ou piores, mas apenas diferentes”.
O livro conta também com textos de convidados: “Sobre as Benzedeiras”, da filósofa e poetisa Lúcia Helena Galvão Maya, docente da Nova Acrópole Brasil, em Brasília, e “Beleza dos ofícios – o Benzimento segundo a arte naïf”, do professor Augusto Luitgards, PhD em História da Arte pela PUC (MG).
A pesquisa de campo, realizada de fevereiro a agosto do ano passado, foi registrada pelo fotógrafo francês e produtor cultural do projeto Bruno Boulay e pelo fotógrafo e jornalista Cuca Jorge, ambos também assinam textos na obra. Eles foram acompanhados por uma equipe de fotógrafos (antes da pandemia) da Bélgica e Paris, estudantes da conceituada escola de artes visuais La-Cambre, em Bruxelas.
“Esse livro de arte é uma ferramenta suplementar no contexto do projeto, na busca pelo fortalecimento e transmissão das tradições ancestrais paulistas entre as gerações, colaborando com a continuidade e valorização do patrimônio imaterial da nossa cultura e fé, independente da religião e da crença, para a cura do corpo e da alma”, avalia Marinilda.
O Livro digital pode ser acessado no link:
https://totemcultural.org.br/